Publicado em : 27-12-2023
Sítio Rodão
O Acompanhamento arqueológico tem por objetivo localizar, registrar e inventariar os possíveis sítios arqueológicos existentes na área diretamente afetada pelas obras do aeródromo. Trata-se de um conjunto de ações necessárias ao cumprimento efetivo da Legislação Federal para Licenciamento Ambiental, a partir da Instrução Normativa 001 do IPHAN, datada de 25 março de 2015.
Diversos relatórios contidos no processo 01502.001176/2021-23 junto ao IPHAN dão conta de todas as etapas do processo envolvendo os trabalhos de arqueologia no Sítio Rodão. Especificamente da fase de supressão vegetal e terraplanagem durante a abertura dos acessos e pista de pouso, em busca de indícios de materiais arqueológicos.
Área de Estudo
Sítio Arqueológico Rodão, Ilha dos Frades
Sedimento arenoso claro;
Cerca de 4 a 7 metros acima do nível do mar;
Mata atlântica preservada no entorno da área da pista;
A área se insere em uma zona de águas salobras com a ocorrência e mariscos, moluscos e alguns peixes, em decorrência do braço de mar que penetra na ilha.
O que foi encontrado:
Há evidências de ocupação humana naquela região por grupos humanos diretamente vinculados ao período colonial e também à diversos grupos dos povos originários. Tais evidências, independentemente da época, constituem-se em achados arqueológicos; vestígios que indicam muitos aspectos da cultura material, além dos modos de aproveitamento dos recursos ambientais de cada agrupamento humano.
– Fragmentos de faianças portuguesas, cerâmica vidrada de torno e cerâmica vermelha de torno;
– Fragmentos de cerâmicas roletadas englobadas e pintadas;
– Blocos de ocre raspados;
– Lâminas de machado de pedras polidas;
– Lascas sobre seixos de quartzo;
– Quebra-coquinhos / bigornas em seixos de quartzo e arenito;
– Percutores em seixos de quartzo e arenito;
Todo o material coletado no Sítio Rodão foi higienizado, classificado e analisado no Laboratório de Arqueologia da UFRB (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia), sob a supervisão do Prof. Dr. Luydy Fernandes.
Cumprindo as exigências legais constantes na Portaria MINC/IPHAN nº 7 de 01 de dezembro de 1988, em seu artigo 5º, item VII (Declaração de Endosso Institucional), o Laboratório de Arqueologia e Etnologia/DFCH da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – Campus Vitória da Conquista (LAE – UESB) concedeu o endosso institucional aos trabalhos de pesquisa arqueológica na Ilha dos Frades sob a Coordenação Geral do Arqueólogo Henry Luydy Abraham Fernandes, garantindo a guarda e exposição do acervo que vier a ser produzido/coletado/escavado, nos termos do parágrafo 8 do artigo 6º da Portaria MINC/IPHAN nº 230/02.
Atividade Educativa
As atividades de educação patrimonial propostas a partir da pesquisa arqueológica tem como principal premissa a socialização da informação produzida pela coleta de dados arqueológicos e históricos durante os trabalhos de campo realizados no Sítio Rodão. Nesse contexto, foi considerado, também, o fomento de uma sensibilidade, individual e coletiva, de índoles perceptiva, emotiva e intelectiva acerca dos significados dos vestígios materiais de grupos do passado, dentro de uma perspectiva contemporânea.
Como o próprio termo o indica, educação patrimonial, refere-se a uma conduta assimilada processualmente, se os estímulos são constantes e duradouros. Dificilmente pode se pensar em mudanças de percepção e de sensibilidade de forma radical e imediata. O normal é que só paulatinamente comece a se enxergar e sentir de forma diferenciada e comprometida. Seguindo esta reflexão foi pensada uma ação educativa, no qual o conhecimento arqueológico e seus resultados tenham um retorno para as comunidades.
Nesse sentido, a arqueologia pública tornar-se-á fundamental para que a comunidade se identifique com seu patrimônio, pois a partir do mesmo pode-se potencializar outros ramos como um turismo sustentável, despertar um sentimento de identidade e valorização da cultura, que contribuirá para a preservação do patrimônio arqueológico.
As atividades educativas realizadas na Ilha dos Frades tiveram como objetivo a sensibilização dos sujeitos envolvidos em busca da valoração e preservação de sua identidade e memória cultural. Assim, a Educação Patrimonial constituiu-se numa forma de divulgar a importância do patrimônio e de enriquecer o conhecimento da comunidade, fazendo com que as pessoas que a representam se tornem parceira na causa, ajudando a preservar sua herança cultural.
A primeira ação educativa foi realizada com crianças de entre 09 e 12 anos de uma escola municipal no povoado de Costa e foi caracterizada por atividades práticas e lúdicas. A segunda ação foi realizada no Loreto, com estudantes de uma escola municipal de Bom Jesus e direcionada na discussão dos conceitos de Patrimônio e apresentação dos resultados alcançados pelas pesquisas arqueológicas realizadas na área do Sítio Rodão e outras experiências patrimoniais realizadas na Bahia.
Atividades realizadas com os alunos, denominada de “Dinâmica do Lixo”:
Etapa 1: Organização dos Lixos
– Cada saco de lixo teve um conjunto de objetos de uso cotidiano, além de embalagens de diferentes produtos (biscoito, leite, latas de bebida, entre outros). Foram organizados cinco sacos de lixo.
Etapa 2: Divisão dos Grupos
– Os participantes foram divididos em cinco grupos, conforme orientação dos professores presentes.
Etapa 3: Analise do Lixo
– Cada grupo recebeu um saco de lixo. Eles abriram e espalharam o conjunto de objetos e embalagens. Reconheceram cada material e criaram uma breve história sobre as pessoas que utilizaram esses objetos, considerando alguns aspectos:
-Gênero;
-Classe econômica;
-Grupos sociais;
-Faixa etária;
-Hábitos e costumes
Etapa 4: Apresentação das Histórias
– Cada grupo contou sua história para todos os participantes e à medida que a histórias foram sendo expostas, os objetos eram apresentados para que o público, como forma de conhecer as referências materiais do enredo.
Etapa 5: Avaliação dos Trabalhos
– Os alunos avaliaram a atividade realizada, refletindo sobre o significado interpretativo do lixo e sua importância na reconstrução da história da vida humana. Após as falas do público, o pesquisador do Instituto Habilis fez a mediação da dinâmica a partir do olhar arqueológico.
Equipe Técnica
Coordenador Geral
Luydy Fernandes (UFRB)
luydyabraham@gmail.com
Técnicos de Campo
Alvandyr Bezerra
alvandyr123@gmail.com
Fabrício Sena
fabricio.setursfc@gmail.com
Maiza Sampaio dos Santos
maizasantos26@gmail.com
Consultoria
Instituto Habilis – Consultoria e Assessoria
admin@ih1.com.br
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